16 de dezembro de 2010

(...)

(...)
A história acaba aqui; é, como vê, uma história terrivelmente sem graça, e que eu poderia ter contado em uma só frase. Mas o pior é que não foi curta. Durou, doeu e – perdoe, minha delicada leitora – incomodou.
Eu andava pela rua e sua lembrança era alguma coisa encostada em minha cara, travesseiro no ar; era um terceiro braço que me faltava, e doía um pouco; era uma gravata que me enforcava devagar, suspensa de uma nuvem. A senhora acharia exagerado se eu lhe dissesse que aquele amor era uma cruz que eu carregava o dia inteiro e à qual eu dormia pregado; então serei mais modesto e mais prosaico dizendo que era como um mau jeito no pescoço que de vez em quando doía como bursite. Eu já tive um mês de bursite, minha senhora; dói de se dar guinchos, de se ter vontade de saltar pela janela. Pois que venha outra bursite, mas não volte nunca
um amor como aquele. Bursite é uma dor burra, que dói, dói, mesmo, e vai doendo; a dor do amor tem de repente uma doçura, um instante de sonho que mesmo sabendo que não se tem esperança alguma a gente fica sonhando, como um menino bobo que vai andando distraído e de repente dá uma topada numa pedra. E a angústia lenta de quem parece que está morrendo afogado no ar, e o humilde sentimento de ridículo e de impotência, e o desânimo que às vezes invade o corpo e a alma, e a "vontade de chorar e de
morrer", de que fala o samba?


Por favor, minha delicada leitora; se, pelo que escrevo, me tem alguma estima, por favor: me deseje uma boa bursite.

Braga, Rubem. O amor e outros males.

16 de novembro de 2010

Cem por cento cinzas.


" Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama:
como se renovar sem primeiro se tornar cinzas? "




Escolhi não sentir nada. Já que não consigo carregar só as coisas boas, andarei de mãos vazias. Prefiro ficar inerte às emoções a ter essa vontade de chorar toda vez que as sinto. Já tive coragem demais, já rasguei o meu peito. Chega. Vou ser covarde mesmo. Colocarei uma armadura de ferro, queimarei meu cérebro vivo, darei meu coração a um cardíaco, e a alma que Deus salve, porque eu não consigo mais. Fazia-me sentir viva, mas fazer o quê? Morri.


E quando a tempestade passar, que eu tenha conseguido salvar o pouco que sobrou.

27 de outubro de 2010




(...)
Cause you're all I want
You're all I need
You're everything, everything (...)


Eu acho que te amo. Droga.

8 de outubro de 2010


Dói muito ser assim. Depois de chorar uma alma de lágrimas, ela sorri, porque, afinal, sempre tem alguém pior. Espero que Deus a perdoe e que ela também possa se perdoar, por saber de tanto consolo e ainda sim desabar.

Don't stop dancing - Creed
(...)
Forget the pain and forget the sorrows

But I know I must go on
Although I hurt I must be strong
Because inside I know that many feel this way


27 de setembro de 2010

Nobody's home --

Nobody's home - A.L
(...)
Her feeling she hides
Her dream she can't find
She's losing her mind
She's falling behind
She can't find her place
She's losing her faith
She's falling from grace
She's all over the place (yeah!)

She wants to go home, but nobody's home
That's where she lies, broken inside
With no place to go, no place to go
To dry her eyes broken inside
(...) "

Já senti por ti muitos dos sentimentos que se pode sentir por alguém. Na
minha mente de idéias distorcidas, não encontro um padrão lógico. Misturo
aversão, desejo, saudade, indiferença e outras emoções as quais não sei os
nomes.
Há muito tempo esse drama passou a ser só meu. Persiste, em algum lugar, uma vontade tola de ter esperanças e isso me confunde, pois, em outro canto, repilo
tudo que ainda possa vir de você. Queria conseguir passar uma aparência fixa, não sei encenar bem, entretanto. Só transpareço o que eu sinto e, infelizmente, ainda não consegui arrebentar a frágil linha que me liga a você. Já corri milhões de quilômetros, já chorei de tanto correr e nada. Maldita linha regada a abraços, sorrisos, olhares, cheiros, tudo que não me deixa em paz. Você, em contrapartida, me deu a tesoura e disse: "Corte!". Qual o meu problema? Quem em sã consciência iria preferir ter quatro pássaros voando a três na mão? Só posso estar totalmente desvairada. Acho que tenho mal de alzheimer, já que tinha aprendido a ser 100% ferro nos ossos, por que eu não consigo mais? A vida me ensinou a nunca ser totalmente Thaís nas minhas ações, mas é só chegar perto de você que todas as armaduras caem. Burrice consciente, cegueira visível. Meu instinto de auto-preservação quer urgentemente se libertar dessas inúteis amarras, e vou
ouvi-lo, já que quero continuar vivendo bem. Não ligarei para todas as vezes que for irritantemente eu e desejar abraçá-lo, protegê-lo, sei que cuido muito bem de você daqui,e que me aproximar seria esquecer de mim, algo que eu não estou disposta a fazer. Seja muito feliz e não se culpe quando eu explanar minhas tensões. Essa luta é minha, é contra mim e serve para me lembrar que nenhum sentimento é angustiante quando se acredita na imortalidade da alma e
no sofrimento sadio que é o prelúdio para evolução.

15 de setembro de 2010

Tudo bem.


Tento te encontrar, tanto pra dizer: meu amor, tudo bem. (8)

- Há muito tempo me ensinaram a primeira regrar do amor, mas me perdoe se às vezes esqueço.

O amor é mão única, menina.

Estou aprendendo a amar sozinha. Parece triste, eu sei, não é, porém. Apenas descarto todo o excesso no relacionamento que muitas vezes é inútil. Possesividade, controle e todo o lixo do exclusivo. Perdi o físico, eu sei, mas quem sou eu para exigir isso? Eu, que acredito tanto na profundidade da alma, na potencialidade dos fluidos, me preocupando com toques? Não mais. Emano um amor tão simples, verdadeiro e só. Assim me sinto amando, envio a parte verdadeira e valiosa de mim a você. Vejo-me mais liberta quando percebo que você não conhece realmente os fatos, pois sei que não lhe contar é meu modo de dizer que não exigo nada em troca. Quanto mais lapido as minhas emoções para fazê-lo feliz, mais me realizo. Ao vê-lo bem, me sinto incrustada em você. Seu sorriso é a prova viva de nós dois.

Ah, tem algo que eu não lhe disse ainda: obrigada.

12 de setembro de 2010

"Afinal, poxa, ele nem tem trinta anos ainda. Tem que conhecer pessoas, fazer amor, amar. Tem que viver. Ah, doçurinha! Viva, meu amor! Não tem problema. Eu cagar e vomitar cinco vezes ao dia de tanto que dói é problema meu. Vamos focar na sua doce felicidade!"

Algo que sentia quando esquecia como ser eu.

1 de julho de 2010

"Manuel. Foi pro céu."








O vazio sufocante e eu implorando por uma angústia imensa que preencha algum
espaço em mim.

12 de junho de 2010

Sai dessa vida e fica comigo, dou meu mundo para te fazer feliz.

"No começo era só o seu capricho
(...)
Desculpa se eu não rio, se levo tão a sério. Quando te olho, eu tremo, me perdi no seu encanto e o meu coração dói tanto quando eu te falo tão emocionado que eu estou apaixonado."

Eu sei o quão é clichê dizer que quero o seu calor, então direi: quero seu morno, seu gelo, tanto faz, quero você. Essa não é mais uma tentativa vil para expressar a minha felicidade de esbarrar mesmo no menor fio de cabelo seu (desencanei de tentar tornar o impossível em algo plausível), essa é a desistência do meu desejo de ser misterioso. Cansei! Deixo a verdade escancarada; sei que ou sua percepção é escassa ou a minha, e é por isso que quero todas as coisas diretas, retas. Fale! Porque se você vier, te espero, nem que venha de tartaruga, porém se não vier me diga logo, arrumarei as malas, partirei, deixarei seu jantar na geladeira e o prato do dia será: meu coração.

-
P.s: Escrito em Agosto de 2009.

Meu Deus, me dê a coragem

Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
meu pecado de pensar.


Clarice Lispector
(1920-1977)

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À medida que aprofundo meus conhecimentos, mais admiro Clarice.

Mundo de loucos! Há quem duvide?



Aceleração. Simultaneidade. Conexão. Paradoxo. Incerteza. Bipolar. Palco. Introspecção. Amanhecer. Sorriso. Entendarcer. Reflexão. Vento. Procura. Madrugada. Ifinitude. Hoje. Decepção. Amargo. Mutilação. Vazio. Choro. Freio. Amanhã. Luz. Futuro. Esperança . Sorriso. Mão. Ciclo. Aceleração. Vida. Desacelareção. Fim.

Só quero manter o equilíbrio em meio ao caos.

25 de abril de 2010

Luz do século - Chico Xavier


Filho do humilde e inculto operário João Cândido Xavier e da lavadeira Maria João de Deus, Francisco Cândido Xavier, ou melhor, Francisco de Paula Cândido que era seu verdadeiro nome de batismo nasceu em Pedro Leopoldo, pequena cidade do estado de Minas Gerais, no dia 2 de Abril de 1910 e ficou notabilizado como Chico Xavier, o maior médium do Século XX e o maior psicógrafo de todos os tempos.


Cinebiografia de médium tem atuações admiráveis e firma Daniel Filho como
principal artesão do cinema nacional hoje.

Inácio Araujo / Crítico da Folha

Sobre Chico Xavier sempre pesou a sombra da fraude. E esse é, agora, o princípio que unifica a narrativa de “Chico Xavier” e permite ao filme transitar de sua infância à velhice sem perder o fio da meada. 
As ressonâncias de tal personagem são imensas. À hipótese de fraude responde, de maneira simétrica, a de um mandato divino, inexplicável senão àqueles que têm fé.

De certo modo é a história de Cristo que se revive ali: aquele homem cura, é milagroso, mas só o povo humilde (sem acesso à medicina tradicional) é capaz de compreendê-lo e aceitá-lo. Letrados e outros religiosos acham que tudo é obra da ignorância ou do Diabo. 
Foi justamente por escapar à apreensão racional, no entanto, que Chico Xavier acabou se tornando um dos personagens mais marcantes do imaginário brasileiro no século 20. 
Desde que tratado de maneira adequada, tinha tudo para ser o imenso sucesso cinematográfico que desde já se anuncia (“Bezerra de Menezes”, produzido com migalhas e lançado quase secretamente, tornou-se um fenômeno de público). 
Por tratamento adequado entenda-se, primeiro, respeito e adesão ao personagem, mas não submissão prévia. É pelo principal “subplot” do filme, aliás, que se desenvolve a tensão entre crença e ceticismo.


Chico Xavier: O Filme