24 de novembro de 2007

Como é difícil ajudar a decidir a vida de quem amamos, eu queria ajudar tantas pessoas, mas eu sei que no final minha ajuda será vista como uma forma de atrapalhar, é sempre assim, você ajuda o próximo e prejudica a si mesmo. Um grande amor, está indo em direção a um abismo, e eu o seguraria, mas ele soltou a minha mão. É tão complicado ver alguém que você ama errar feio, sem poder ajudar, sem poder proteger, pegar no colo, fazer carinho, auxiliar no certo e falar "tá tudo bem meu amor, eu tou aqui". Eu não posso, eu não devo, meu orgulho não deixa e seu orgulho certamente dirá que eu estou errada, que quero me meter demais, agora, o que escolher, a sua felicidade ou a sua consciência? Ou simplesmente, não escolher, deixar as coisas fluírem acreditando que cada um é dono de si e que mais nada além de você te importa. Fora o exemplo na família, com os amigos...Tudo que temos é receio de ajudar, sabendo que estaremos sacrificando o nosso pescoço por algo que talvez nem vá valer a pena.


Eu tenho medo, eu tenho muito medo, eu tenho amor, eu tenho amor próprio, eu tenho a minha dor, eu tenho o seu orgulho, eu não tenho nada além de mim.

20 de novembro de 2007

"Só por hoje não quero mais te ver, só por hoje não vou tomar a minha dose de você. Cansei de chorar feridas que não se fecham, não securam e essa abstinência uma hora vai passar."


Hoje vou deixar que a Cecí, fale por mim..AOEIAOEU..Canção. Meireles, Cecília
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendomeu sonho,
dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

16 de novembro de 2007

Escolhas


Confesso que quando vi essa foto imaginei milhares de coisas, mas me surpreendi com o seu título, choices, é simples assim, apenas uma escolha, a vida é assim, várias imagens repetidas, pensamentos viciosos, mas no fundo o que você precisa é escolher. Escolher, arriscar, sonhar acordado imaginando como seria se escolhêssemos algo e lutássemos para fazê-lo real, mas para isso você precisa de coragem, determinação e isso está escasso no século 21, se não está escasso está se manifestando em uma inúmera quantidade de pessoas que a coragem padrão já se torna nula. Para isso você precisa do algo mais, do diferencial, algo que te destaque na sociedade, mas você será alvo de muitos julgamentos e muitas críticas descabidas e você vai precisar enfrentá-las. Para suportar isso é preciso confiança, saber que você é mais do que os outros pensam, mas você pode deixar passar críticas construtivas. Para evitar isso é preciso saber ouvir, mas você pode acabar escutando alguém que só quer te prejudicar. Para se livrar disso é preciso astúcia, discernimento, mas você pode querer ser esperto demais e acabar "se dando mal". Então, acabou sua vida, você não fez quase nada se preocupando com o que você precisaria para o amanhã, mas quando você estiver solitário, deixando os minutos passarem por entre os seus nervos, você vai encontrar algo que não estava no seus planos, algo que você achou que não precisasse para o amanhã e esse algo vai te satisfazer de uma maneira única, o tornando capaz de todas as coisas que você havia desejado. Algo chamado amor.


A vida é uma série de escolhas, mas o que você realmente precisa decidir é se você quer amar ou se você quer morrer.

13 de novembro de 2007

Vambora - Adriana Calcanhoto


Entre por essa porta agora

E diga que me adora

Você tem meia hora

Prá mudar a minha vida

Vem, vambora

Que o que você demora

É o que o tempo leva...

Ainda tem o seu perfume

Pela casaAinda tem você na sala

Porque meu coração dispara?

Quando tem o seu cheiro

Dentro de um livro

Dentro da noite veloz...

Ainda tem o seu perfume

Pela casaAinda tem você na sala

Porque meu coração dispara?

Quando tem o seu cheiro

Dentro de um livroNa cinza das horas...

Decisão.


Eu deitei e senti um peso na minha consciência, uma aflição enorme no meu coração, uma indecisão, nossa, como é difícil não saber quase nada da vida, ter que encarar situações que você nunca imaginou que teria de enfrentar, mas a adolescência é assim, as coisas passam, não percebemos e depois de adultos vamos parar pra analisar e lembrar: Nossa, o quanto eu fui bestinha. Por isso que pessoas na minha idade são consideradas imaturas, na maioria das vezes; são. Quero um tempo longe disso tudo, não que eu tenha enjoado das pessoas que me cercam ou do carinho que elas me proporcionam, mas cada um de nós tem uma maneira de aceitar e superar as coisas, já tentei conviver com as situações e a cada fato novo tudo piora, eu não sou obrigada a continuar passando por uma coisa que não me faz bem até que eu não ligue mais pra ela. Posso procurar outras maneiras de não ligar mais pra ela, já que essa não funciona comigo...Mudando o cenário, os personagens, as histórias, pode ser que eu aprenda mais, volte mais madura, ligando só pro que for bom e pra quem me faz bem. Alguns ficarão chateados, mas não será nada drástico(não vou parar de falar com ninguém) e esses que ficarem chateados(já imagino quais serão) desculpem, mas pelo menos uma vez na vida eu estou pensando em mim, sem ligar para o que vão pensar, se vão gostar ou não, eu preciso, eu quero e eu vou fazer.

Doa a quem doer.

9 de novembro de 2007

Donos de si?

Sem muito tempo pra postar, estudando pra caramba, mas vamos indo, né? :B
Texto que peguei no blog citador, muito interessante. ;D

Quantos São os que Sabem Ser Donos de Si Próprios?

Apenas julgamos comprar aquilo que nos custa dinheiro, enquanto consideramos gratuito o que pagamos com a nossa própria pessoa. Coisas que não quereríamos comprar se em troca devêssemos dar a nossa casa, ou uma quinta de recreio, ou de rendimento, estamos inteiramente dispostos a obtê-las a troco de ansiedades e de perigos, para tal sacrificando a honra, a liberdade, o tempo. A tal ponto é verdade que a nada damos menos valor do que a nós próprios! Façamos, portanto, em todas as nossas decisões e actos, o mesmo que fazemos ao abordar qualquer vendedor: perguntemos o preço da mercadoria que desejamos.Frequentemente pagamos ao mais alto preço algo por que nada deveríamos dar. Posso indicar-te muitos bens cuja aquisição, mesmo por oferta, nos custa a liberdade: seríamos donos de nós próprios se não fôssemos possuidores de tais bens.
Deves meditar no que te digo, quer se trate de lucros quer de despesas. «Este objecto vai estragar-se». Ora, é uma coisa exterior; tão facilmente passarás sem ela como passaste antes de a ter. Se tiveste esse objecto bastante tempo, perde-lo depois de saciado; se pouco tempo, perde-lo antes de te habituares a ele. «Ganharás menos dinheiro». E menos preocupações, também. «Será menor o teu crédito». Igualmente será menor a inveja. Atenta em todos esses pretensos bens que nos dão a volta ao juízo e cuja perda nos ocasiona imensas lágrimas: verás que não somos afectados por nenhum prejuízo autêntico, mas apenas pela ideia de um prejuízo. É uma perda que não sentimos, apenas imaginamos. Quem é dono de si próprio não pode perder nada. Mas quantos são os que sabem ser donos de si próprios!?

Séneca, in 'Cartas a Lucílio'

5 de novembro de 2007

Antiguidades.

Vou postar uma coisa que eu fiz há um tempinho atrás no meio de uma aula de geografia..aoeduoeaoeu 8D



Não, hoje eu não quero falar de amor! Não, hoje eu não vou dizer palavras românticas! Quem liga? Ninguém liga, estão todos preocupados demais com suas vidinhas medíocres , ou estão todos preocupados demais em mostrar que a vida do outro é mais fácil, estão todos preocupados demais em demonstrar á todos que seus problemas são os mais sérios. Enquanto você se preocupa com isso, políticos roubam o seu dinheiro, pessoas ganham a vida vendendo produtos piratiados em uma concorrência desleal com os originais, pobres morrem na fila do sus a espera de um misero atendimento médico, a natureza se acaba, o efeito estufa aumenta e o fim está próximo. O fim dessa era, porque com certeza outra surgirá, milhares de coisas serão substituídas por outras fabricadas, artificiais e quem sabe um coração artificial influa no amor e ele seja menos doloroso por ser artificial que no o coração.

Música do Chiquinho, não mudou muita coisa. ;D








Chico Buarque - Cálice Gilberto Gil/Chico Buarque
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Salve, salve, Clarice. õ/


Na hora que eu vi essa obra prima da Clarice, tinha que colocar aqui. Texto retirado do perfil da Tatih: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=7821753824355066672


Um pouco inconseqüente que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado, coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu... "não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Este desequilibrado emocional que, abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas!
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente e, contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:" O Senhor pode conferir", eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Um coração como poucos.

Clarisse Lispector.

4 de novembro de 2007

Planeta Terra.

Sabe aqueles dias que bate uma vontadezinha enorme de sumir? Eu me encontro em um desses dias, não porque queira fugir, me enganar, ou não encarar os fatos de maneira madura. Oras, porque eu tenho que encarar os fatos de maneira madura? Eu sou só uma menina, eu não aprendi muito, não por falta de sofrimento, por falta de luta ou interesse, mas estou falando do aprendizado diferencial, aquele que te faz agir de uma maneira única, com firmeza, aquele que as pessoas chamam de maturidade. Eu não sei quase nada sobre ele, mas eu sinto que todos a minha volta cobram de mim, acho que eles tem mais certeza do que eu das coisas que eu sei, de tudo que aprendi..Afinal, quem sou eu para falar de certezas? Eu sinto que falta muita coisa em mim, ou talvez nem falte, na verdade eu sinto que tenho quase tudo, mas não uso quase nada.

Não tem como me sentir mais idiota do que agora, não me arrependo, mas eu posso fazer melhor, EU, acima de todas as outras pessoas que me julgam, sei que posso fazer melhor. Acho que preciso de força pra isso, de tanto me falarem que eu não posso sozinha, já estou convencida disso, mas a quem pedir ajuda? Todos tem interesse, não há ser humano tão puro que ajude alguém sem segundas intenções, somos todos pecadores, não sujos, mas pecadores, quem dera eu achar alguém que tenha boas segundas intenções, mas boa para ambos os lados, ou quem dera achar algo bom o suficiente que me convença de que sou capaz.

Procuro alguém realmente humano, alguém que erre como eu, que cometa pecados como eu, não que eu esteja me procurando em outras pessoas, mas assim como Fernando pessoa, eu estou farta de semideuses.


Poema em linha reta
Fernando Pessoa(Álvaro de Campos)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo,Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,Que tenho sofrido enxovalhos e calado,Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachadoPara fora da possibilidade do soco;Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigoNunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humanaQue confessasse não um pecado, mas uma infâmia;Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?Eu, que venho sido vil, literalmente vil,Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


• Em "Poema em linha reta", Álvaro de Campos expressa, de maneira radical, sua solidão, sua diferença em relação ao homem comum.(Antologia poética - Fernando Pessoa)